domingo, 13 de maio de 2012

Encontro de 02 de maio de 2012.


Responsáveis pelo registro: Vanessa Ap. Ghidotti Celente e Simone Franco

Participantes: Renata, Anapersia, Tânia, Vanessa S., Márcia, Vanessa G. C., Mafê e Simone.

"Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar. Viajaram para o Sul. Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando. Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta imensidão do mar, e tanto seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza. E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai: Me ajuda a olhar!"              
A função da arte de Eduardo Galeano
(Vi este texto no blog de uma amiga e me apaixonei, acho que ilustra bem o que estamos fazendo juntos. Simone)


       Começamos lendo o registro do encontro passado para fazermos as devidas correções e postar no blog do grupo. Feito isso passamos as nossas reflexões.
         Conversamos sobre a inscrição para o congresso de Niterói (que teve sua inscrição prorrogada até 11/05 com desconto e 18/05 preço normal) e a construção do resumo.
         Márcia levantou a importância de escrevermos sobre como se aprende e não de como não se aprende. Muitas pessoas se preocupam com a aquisição do código e não com as outras inúmeras situações que permeiam este processo, o meio, as pessoas envolvidas, as conversas, as trocas, as investigações, as construções e tudo que está presente no ambiente escolar. A aprendizagem é muito mais que atividades de escrita.
 Vanessa S falou de uma atividade que realizou com sua turma. As crianças estavam divididas em grupo de 4 participantes, precisavam representar a sala de aula em uma cartolina branca, colando papéis coloridos para fazer a devida representação.
         Um grupo de crianças, que no dia a dia escolar diz não saber escrever, representou a sala respeitando muito seus detalhes. Observavam e colavam, juntos elaboravam hipóteses de escrita para denominar o objeto, escreveram tudo, quando não sabiam escrever o nome de algum amigo procuravam possíveis lugares que pudessem encontrá-los.
         Vanessa S. observou como a criança vai se apropriando, elaborando e reelaborando sua escrita e como sente necessidade de colocar sua escrita em seu cotidiano.
         Muitas vezes as crianças sentem-se inseguras em momentos oficias de escrita em sala de aula, acreditando não saber escrever, não se sentindo capaz de colocar seus saberes de maneira oficial, mas quando o foco muda, quando ela se sente pertencente a algo que precisa construir, ela se esquece de pensar que não sabe, permitindo se arriscar, assim mostra que é capaz.
         Tânia verbalizou que não conseguiu escrever sua narrativa, mas socializou uma vivencia com seu filho. Falou que acredita que a alfabetização ocorre em dois momentos. O primeiro momento quando existe o distanciamento e a aproximação, isso ocorre quando a criança está brincando com peças de montar e ela se aproxima e se afasta das peças (objeto de conhecimento) para então se relacionar com o objeto.
O outro momento é quando a criança brinca frente ao espelho e começa a duvidar de seus movimentos, ela desconfia que consegue produzir conhecimento e começa a explorar seus movimentos para ver se realmente é capaz.
         Tânia propôs uma atividade ao seu filho em sua casa, ele precisava trazer coisas que começavam com a letra “C”, ele conseguiu separar, com isso descobriu a importância de escrever, a importância do texto em sua vida. Quando as pessoas não estão conseguindo fazer algo não é porque elas não querem e sim porque não conseguem ou porque não entenderam seu verdadeiro sentido. Estas atividades fizeram sentido a partir dos acontecimentos e vivências experimentados por ele.
         Márcia falou sobre o trabalho da Elvira Lima com neurociência, intitulado “Todos podem aprender a ler e a escrever”, no qual ela traz a questão da cultura e do fortalecimento da autoestima.
         Essas discussões aconteceram para decidirmos como faremos nosso resumo.
         Mafê levantou a questão da singularidade das crianças. Que muitas vezes o discurso das pessoas em relação à escola, permanece em dois extremos ou se pode tudo ou então falamos da escola dos anos 50. Falou da importância de pensarmos as relações de hoje, das nossas escolas, das nossas vivências.
         Simone complementou questionando qual relação existe na escola. Que na verdade não existe relação, apenas a professora ensina e quer que o aluno aprenda.
         Realmente, quando a relação entre professor e aluno foi estabelecida desta maneira, ela existe, mas não é uma relação muito proveitosa, pois a professora acredita que o único papel do aluno na escola é aprender aqueles determinados conceitos que ela tem a ensinar, sabemos que as aprendizagens vão muito além disso. Não é apenas a professora que ensina na escola e também a criança não aprende apenas o que está nos livros. Felizmente as aprendizagens e as “ensinagens” são muito mais complexas.
         Márcia levantou que muitas vezes o conteúdo é o foco e o aluno é o processo, brilhantemente ela nos brindou com o inverso, argumentando que o aluno é o foco e o conteúdo é o instrumento de trabalho para que o desenvolvimento possa acontecer. Essa mudança de foco é fundamental para percebermos o aluno com sua devida importância.
         Mafê trouxe um texto de Wanderley Geraldi que fala do professor, do conhecimento (aula) e do aluno. A aula seria a transformação do aluno, que transformaria o professor, que transformaria a aula e assim sucessivamente, surgindo uma roda viva.
         Anapersia falou de sua experiência como professora, sua coordenadora pegava o planejamento que foi feito nos anos 80 e queria que ela fizesse a mesma coisa em 98. Ela possui uma inquietação, acredita que o aluno transforma e constrói muitas coisas, mas o professor é a base de tudo para que o aluno consiga construir.
         Márcia diz que para construir uma relação proveitosa é preciso desaprender, para que o grupo possa estar aberto e envolvido, esse trabalho quem realiza é o coordenador e leva tempo para que isso aconteça. O trabalho que ela realizou na Cidade dos meninos em Jundiaí demorou 5 anos para começar a acontecer desta maneira. Desconstruir para construir é trabalho do coordenador.
         Renata pontuou que a realidade e o contexto interferem bastante nas relações estabelecidas entre as pessoas. Dependendo do grupo o envolvimento é maior ou menor, às vezes as pessoas estão muito envolvidas e em outros momentos outras pessoas não estão nada envolvidas com o assunto. Perguntou como o desejo de envolvimento é provocado no outro para fazer e construir o novo?
         Simone contou uma experiência que ocorreu na escola em que trabalha, lá tem uma professora que diz que ela não é doce para as crianças gostarem dela. Muitas pessoas acreditam que essa á a maneira certa de se envolver com os alunos e se relacionar com o ensino- aprendizagem, muitas pessoas falam que professora boa é a professora brava, que dá muita lição, que deixa sua sala em silêncio e que é assim que o aluno aprende.
         Vanessa S. complementou com suas experiências, no lugar que ela trabalha muitas pessoas também compartilham desta ideia acreditando que a rigidez é necessária, ficam incomodadas quando ela propõe algo diferente a seus alunos.
         Márcia falou que toda essa energia contida em algum momento estoura de maneira não muito adequada. O grupo e suas relações são muito importantes, é isso que valoriza a experiência humana. Existem muitas coisas envolvidas nas relações com o conhecimento que é fundamental.
         Tânia compartilhou a fala de um pai de um aluno, ele dizia que a jornada de trabalho de seu filho começa bem cedo, às 6 horas da manhã, essa é a nossa realidade, disse também que a nossa sociedade infantiliza os adultos e sexualiza as crianças, indo além e questionando como o corpo é trabalhado na escola.
         A partir da fala da Tânia, e refletindo sobre a questão do corpo, espaço e tempo na escola, Mafê começa a falar sobre o lugar da criação e nos leva a pensar sobre a criança e o lugar/espaço da sala de aula..., E nos deixa a questão: ...será que toda professora se coloca a pensar que as crianças se apropriam do espaço?
         Iniciamos a leitura das narrativas para contribuir com a escrita do resumo para o congresso.
         Vanessa G leu sua narrativa e levantamos os seguintes pontos:
         As crianças produzem textos mesmo sem escrever. O adulto como escriba.
         A aprendizagem partindo dos centros de interesses das crianças ou partindo de projetos sugeridos por elas.
         Linguagens que constituem o texto lido e escrito.
         Que lugar a criança ocupa? A criança como ser atuante no planejamento escolar, nos acontecimentos da sala de aula e nas práticas. A criança como produtora de cultura e de conhecimento.
         Renata leu sua narrativa e levantamos os seguintes pontos.
         Qual conhecimento as crianças produzem no momento da cópia, da leitura livre, das atividades diferenciadas?
Quais atividades proporcionam a constituição do grupo?
Diferentes concepções de produção de texto, de escrita e de leitura.
         Simone leu sua narrativa que começou com as seguintes perguntas.
         O que diferencia o trabalho de cada uma de nós? O que se torna (ou nos torna?) único e singular? É como olhamos para cada criança e para cada solicitação que nos fazem? É como organizamos a aula e planejamos a rotina? São as escolhas que fazemos e as que deixamos de lado? É tudo isso e muito mais?
         Levantamos os seguintes pontos.
         Criança produtora de conhecimento.
         Potencializar centros de interesse/ projetos.
         Potencializar atividades diferenciadas.
Quando a organização do espaço revela a concepção, grupos fortalecem trocas.
Quando o outro é conteúdo.
Como o que penso está materializado esteticamente.
Reorganizar a forma de aprendizagem que é ouvindo, lendo, falando, escrevendo.
Mafê não terminou de escrever sua narrativa, mas falou sobre ela. Levantamos os seguintes pontos.
O que mobiliza?
Autor/ teórico como interlocutor.
Parcerias que mobilizam?
Finalizamos refletindo sobre a frase que a Renata nos disse: ”O que é difícil, mas é possível”. O que é difícil gera um desafio, mas não é possível de fazer.
Márcia contribuiu dizendo que sempre tem algo que está mobilizando as pessoas.
Combinamos que a Márcia iria esboçar o resumo para o congresso, mas só poderá fazer isso no domingo. Quando ela fizer irá nos enviar para darmos o nosso pitaco.
               

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