segunda-feira, 9 de abril de 2012

Alteridade e Identidade 2


Tô gostando do conversê!!!

Mafê, achei um texto bem interessante num livro do Grupo do Miotello (PPGL-UFSCAR), "A alteridade do eu", de Kátia Vanessa Tarantini Silvestri. Vou digitalizar para postar aqui...

Por enquanto, um trechinho pra alimentar a discussão:

"O sujeito é um signo. Essa afirmação revela o quão fecundo é o estudo sobre o sujeito na filosofia da linguagem bakhtiniana. Para Bakthin o sujeito deve ser entendido desde uma relação necessária entre a estética e a ética. Essa relação nos permite um conceito sobre o sujeito extremamente propício para as reflexões políticas, educacionais, artísticas, sociais de nossa sociedade, pois traz à baila a responsabilidade, o não individualismo, a alteridade como constituinte, a importância crucial do tu para o eu.

A palavra que define o sujeito em Bakhtin é alteridade. Talvez antes de dizermos eu deveríamos dizer o outro do tu. Não obstante, ser o outro do tu é ser incompleto, respondente, responsável, consciente e datado. Por todas essas características o sujeito torna-se também incapturável, fora de comando, anárquico.

A definição de sujeito é contrária ao prIncípio de identidade. De fato o sujeito é constituído pela alteridade. É o tu que dá existência ao eu. É na presença do tu que o eu se descobre singular. O tu é sempre sujeito e jamais objeto para a consciência, antes e substancialmente, a consciência desperta na e pela relação com o tu. Sem o tu não há o eu. É por isso que temos, como afirma Bakhtibn, uma necessidade absoluta do Outro, pois o humano não começa comigo, mas com o Outro. O eu é o criado, o tu o criador. Entretanto, isso não faz em hipótese alguma do eu um sujeito assujeitado, pois o sujeito é respondente: a cada palavra do Outro criamos automaticamente uma contrapalavra. Enquanto ouvimos estamos falando, apreendendo as palavras escutadas e compreendendo-as. Não obstante, o sujeito da escuta, da alteridade, da incompletude é sempre responsável: não existem álibis para o sujeito; cada singelo ato, cada silêncio, cada palavra é uma escolha."

SILVESTRI, Kátia Vanessa Tarantini. A alteridade do tu. IN: MIOTELLO, Valdemir (org.). O diferente instaura o diferente. Compreendendo as relações dialógicas. São Carlos: Pedro & João Editores, 2011.

Beijos, Helô

2 comentários:

  1. Não resisto:

    "É a 'outredade' do 'não eu', ou do tu que me faz assumir a radicalidade o meu eu"
    Paulo Freire

    A ideia do 'tu criador' é muito bonita, né minha gente!? E como a sinto com força diariamente na relação com as crianças!! Criação vai além de assumir uma pretensa radicalidade, né? Por mais que tomemos a ideia de radical, como raíz... Não sei... preciso dialogar com o Mestre... Na verdade com os dois: Paulo Freire e Gui! A minha sorte é que os dois me ensinaram a pensar sempre na relação com meus pequenos... prá isso preciso de mais tempo... sigo pensando!
    Beijocas!

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    1. olá pessoal! Sou a Kátia Vanessa! Legal essa nossa prosa! Um abraço efusivo meu e do grupo GEGE/UFSCAR

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