Responsáveis pelo registro: Vanessa Ap. Ghidotti Celente e Simone Franco
Participantes: Renata,
Anapersia, Tânia, Vanessa S., Márcia, Vanessa G. C., Mafê e Simone.
"Diego não
conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar.
Viajaram para o Sul. Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas,
esperando. Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia,
depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta imensidão
do mar, e tanto seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza. E quando
finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai: Me ajuda a
olhar!"
A função da
arte de Eduardo Galeano
(Vi este texto
no blog de uma amiga e me apaixonei, acho que ilustra bem o que estamos fazendo
juntos. Simone)
Começamos
lendo o registro do encontro passado para fazermos as devidas correções e
postar no blog do grupo. Feito isso passamos as nossas reflexões.
Conversamos sobre a inscrição para o congresso de Niterói
(que teve sua inscrição prorrogada até 11/05 com desconto e 18/05 preço normal)
e a construção do resumo.
Márcia levantou a importância de escrevermos sobre como se
aprende e não de como não se aprende. Muitas pessoas se preocupam com a
aquisição do código e não com as outras inúmeras situações que permeiam este
processo, o meio, as pessoas envolvidas, as conversas, as trocas, as
investigações, as construções e tudo que está presente no ambiente escolar. A
aprendizagem é muito mais que atividades de escrita.
Vanessa S falou de uma atividade que realizou
com sua turma. As crianças estavam divididas em grupo de 4 participantes,
precisavam representar a sala de aula em uma cartolina branca, colando papéis
coloridos para fazer a devida representação.
Um grupo de crianças, que no dia a dia escolar diz não saber
escrever, representou a sala respeitando muito seus detalhes. Observavam e
colavam, juntos elaboravam hipóteses de escrita para denominar o objeto,
escreveram tudo, quando não sabiam escrever o nome de algum amigo procuravam
possíveis lugares que pudessem encontrá-los.
Vanessa S. observou como a criança vai se apropriando,
elaborando e reelaborando sua escrita e como sente necessidade de colocar sua
escrita em seu cotidiano.
Muitas vezes as crianças sentem-se inseguras em momentos
oficias de escrita em sala de aula, acreditando não saber escrever, não se
sentindo capaz de colocar seus saberes de maneira oficial, mas quando o foco
muda, quando ela se sente pertencente a algo que precisa construir, ela se
esquece de pensar que não sabe, permitindo se arriscar, assim mostra que é
capaz.
Tânia verbalizou que não conseguiu escrever sua narrativa,
mas socializou uma vivencia com seu filho. Falou que acredita que a
alfabetização ocorre em dois momentos. O primeiro momento quando existe o
distanciamento e a aproximação, isso ocorre quando a criança está brincando com
peças de montar e ela se aproxima e se afasta das peças (objeto de
conhecimento) para então se relacionar com o objeto.
O outro
momento é quando a criança brinca frente ao espelho e começa a duvidar de seus
movimentos, ela desconfia que consegue produzir conhecimento e começa a
explorar seus movimentos para ver se realmente é capaz.
Tânia propôs uma atividade ao seu filho em sua casa, ele
precisava trazer coisas que começavam com a letra “C”, ele conseguiu separar,
com isso descobriu a importância de escrever, a importância do texto em sua
vida. Quando as pessoas não estão conseguindo fazer algo não é porque elas não
querem e sim porque não conseguem ou porque não entenderam seu verdadeiro
sentido. Estas atividades fizeram sentido a partir dos acontecimentos e
vivências experimentados por ele.
Márcia falou sobre o trabalho da Elvira Lima com
neurociência, intitulado “Todos podem aprender a ler e a escrever”, no qual ela
traz a questão da cultura e do fortalecimento da autoestima.
Essas discussões aconteceram para decidirmos como faremos
nosso resumo.
Mafê levantou a questão da singularidade das crianças. Que
muitas vezes o discurso das pessoas em relação à escola, permanece em dois
extremos ou se pode tudo ou então falamos da escola dos anos 50. Falou da
importância de pensarmos as relações de hoje, das nossas escolas, das nossas
vivências.
Simone complementou questionando qual relação existe na
escola. Que na verdade não existe relação, apenas a professora ensina e quer
que o aluno aprenda.
Realmente, quando a relação entre professor e aluno foi
estabelecida desta maneira, ela existe, mas não é uma relação muito proveitosa,
pois a professora acredita que o único papel do aluno na escola é aprender
aqueles determinados conceitos que ela tem a ensinar, sabemos que as
aprendizagens vão muito além disso. Não é apenas a professora que ensina na
escola e também a criança não aprende apenas o que está nos livros. Felizmente
as aprendizagens e as “ensinagens” são muito mais complexas.
Márcia levantou que muitas vezes o conteúdo é o foco e o
aluno é o processo, brilhantemente ela nos brindou com o inverso, argumentando
que o aluno é o foco e o conteúdo é o instrumento de trabalho para que o
desenvolvimento possa acontecer. Essa mudança de foco é fundamental para
percebermos o aluno com sua devida importância.
Mafê trouxe um texto de Wanderley Geraldi que fala do
professor, do conhecimento (aula) e do aluno. A aula seria a transformação do
aluno, que transformaria o professor, que transformaria a aula e assim
sucessivamente, surgindo uma roda viva.
Anapersia falou de sua experiência como professora, sua
coordenadora pegava o planejamento que foi feito nos anos 80 e queria que ela
fizesse a mesma coisa em 98. Ela possui uma inquietação, acredita que o aluno
transforma e constrói muitas coisas, mas o professor é a base de tudo para que
o aluno consiga construir.
Márcia diz que para construir uma relação proveitosa é
preciso desaprender, para que o grupo possa estar aberto e envolvido, esse
trabalho quem realiza é o coordenador e leva tempo para que isso aconteça. O
trabalho que ela realizou na Cidade dos meninos em Jundiaí demorou 5 anos para
começar a acontecer desta maneira. Desconstruir para construir é trabalho do
coordenador.
Renata pontuou que a realidade e o contexto interferem
bastante nas relações estabelecidas entre as pessoas. Dependendo do grupo o
envolvimento é maior ou menor, às vezes as pessoas estão muito envolvidas e em
outros momentos outras pessoas não estão nada envolvidas com o assunto.
Perguntou como o desejo de envolvimento é provocado no outro para fazer e
construir o novo?
Simone contou uma experiência que ocorreu na escola em que
trabalha, lá tem uma professora que diz que ela não é doce para as crianças
gostarem dela. Muitas pessoas acreditam que essa á a maneira certa de se
envolver com os alunos e se relacionar com o ensino- aprendizagem, muitas
pessoas falam que professora boa é a professora brava, que dá muita lição, que
deixa sua sala em silêncio e que é assim que o aluno aprende.
Vanessa S. complementou com suas experiências, no lugar que
ela trabalha muitas pessoas também compartilham desta ideia acreditando que a
rigidez é necessária, ficam incomodadas quando ela propõe algo diferente a seus
alunos.
Márcia falou que toda essa energia contida em algum momento
estoura de maneira não muito adequada. O grupo e suas relações são muito
importantes, é isso que valoriza a experiência humana. Existem muitas coisas
envolvidas nas relações com o conhecimento que é fundamental.
Tânia compartilhou a fala de um pai de um aluno, ele dizia
que a jornada de trabalho de seu filho começa bem cedo, às 6 horas da manhã,
essa é a nossa realidade, disse também que a nossa sociedade infantiliza os
adultos e sexualiza as crianças, indo além e questionando
como o corpo é trabalhado na escola.
A partir da fala da Tânia, e refletindo sobre a questão do
corpo, espaço e tempo na escola, Mafê começa a falar sobre o lugar da criação e
nos leva a pensar sobre a criança e o lugar/espaço da sala de aula..., E nos
deixa a questão: ...será que toda professora se coloca a pensar que as crianças
se apropriam do espaço?
Iniciamos a leitura das narrativas para contribuir com a
escrita do resumo para o congresso.
Vanessa G leu sua narrativa e levantamos os seguintes
pontos:
As crianças produzem textos mesmo sem escrever. O adulto
como escriba.
A aprendizagem partindo dos centros de interesses das
crianças ou partindo de projetos sugeridos por elas.
Linguagens que constituem o texto lido e escrito.
Que lugar a criança ocupa? A criança como ser atuante no
planejamento escolar, nos acontecimentos da sala de aula e nas práticas. A
criança como produtora de cultura e de conhecimento.
Renata leu sua narrativa e levantamos os seguintes pontos.
Qual conhecimento as crianças produzem no momento da cópia,
da leitura livre, das atividades diferenciadas?
Quais
atividades proporcionam a constituição do grupo?
Diferentes
concepções de produção de texto, de escrita e de leitura.
Simone leu sua narrativa que começou com as seguintes
perguntas.
O que diferencia o trabalho de cada uma de nós? O que se
torna (ou nos torna?) único e singular? É como olhamos para cada criança e para
cada solicitação que nos fazem? É como organizamos a aula e planejamos a
rotina? São as escolhas que fazemos e as que deixamos de lado? É tudo isso e
muito mais?
Levantamos os seguintes pontos.
Criança produtora de conhecimento.
Potencializar centros de interesse/ projetos.
Potencializar atividades diferenciadas.
Quando
a organização do espaço revela a concepção, grupos fortalecem trocas.
Quando
o outro é conteúdo.
Como
o que penso está materializado esteticamente.
Reorganizar
a forma de aprendizagem que é ouvindo, lendo, falando, escrevendo.
Mafê não
terminou de escrever sua narrativa, mas falou sobre ela. Levantamos os
seguintes pontos.
O
que mobiliza?
Autor/
teórico como interlocutor.
Parcerias
que mobilizam?
Finalizamos
refletindo sobre a frase que a Renata nos disse: ”O que é difícil, mas é
possível”. O que é difícil gera um desafio, mas não é possível de fazer.
Márcia
contribuiu dizendo que sempre tem algo que está mobilizando as pessoas.
Combinamos
que a Márcia iria esboçar o resumo para o congresso, mas só poderá fazer isso
no domingo. Quando ela fizer irá nos enviar para darmos o nosso pitaco.
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